O Colóquio, organizado pelo Banco de Portugal com o apoio da Associação Portuguesa de Bancos, teve lugar no dia 2 de junho, no Museu do Dinheiro.

A Presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), Professora Doutora Paula Meira Lourenço, fez a sua intervenção subordinada ao tema  “A proteção de dados pessoais face aos desafios regulatórios e tecnológicos atuais”, e começou por sublinhar que o direito à proteção de dados é um direito humano fundamental, consagrado na Constituição da República Portuguesa, na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia e no Tratado de Funcionamento da União Europeia, entre outros instrumentos jurídicos internacionais.

Paula Meira Lourenço destacou o RGPD como um relevante marco regulatório europeu, que introduziu uma mudança de paradigma, ao substituir um modelo de heteroregulação por um modelo de autorregulação, exigindo uma maior responsabilidade e proatividade por parte dos responsáveis pelo tratamento de dados pessoais.

No plano nacional, a Presidente da CNPD destacou a participação ativa da CNPD no Grupo de Trabalho criado pelo Despacho n.º 1747/2024, que reuniu várias Entidades Reguladoras — como a ANACOM, a IGAC e a ERC — para contribuir para a Proposta de Lei que transpõe o Regulamento dos Serviços Digitais para a ordem jurídica portuguesa. Esta cooperação entre Reguladores permitiu integrar a proteção de dados pessoais no início do procedimento legislativo, tendo resultado em soluções normativas mais adequadas e eficazes.

A nível internacional, referiu a participação da CNPD em diversas Redes e fóruns, como o Comité Europeu para a Proteção de Dados, a Assembleia Mundial da Privacidade (Global Privacy Assembly - GPA), a Rede Ibero-americana de Proteção de Dados (RIPD), da qual é membro fundador, e bem assim a recém-criada Rede Lusófona de Proteção de Dados (RLPD), que reúne Autoridades de Proteção de Dados de países de língua portuguesa e cujo lançamento teve lugar na sede da CNPD, em Lisboa, no dia 25 de Junho de 2024.

Na segunda parte da sua intervenção, Paula Meira Lourenço abordou os desafios tecnológicos da Era digital, defendendo que a inovação deve estar ao serviço do bem-estar humano. A CNPD compromete-se a garantir que a proteção de dados acompanhe o progresso tecnológico, promovendo um equilíbrio com a competitividade, a transparência e o uso ético de tecnologias emergentes como a inteligência artificial (IA), a Internet das Coisas e o metaverso. Este compromisso está refletido no 2. ° Objetivo Estratégico do Plano de Atividades Plurianual da CNPD para o triénio 2024-2026. Embora a IA traga benefícios significativos, é essencial que o seu desenvolvimento seja ético, seguro e em conformidade com o RGPD e demais legislação que assegura a proteção de dados.

Referiu ainda os quatro níveis de risco definidos pelo novo Regulamento Europeu da Inteligência Artificial, alertando para os perigos dos sistemas de risco inaceitável, como a manipulação e engano prejudiciais e o reconhecimento biométrico em tempo real.

A concluir, a Presidente da CNPD reafirmou a disponibilidade da Comissão Nacional de Proteção de Dados para assegurar a regulação da inteligência artificial, sublinhando o seu papel enquanto Autoridade Independente com uma atuação transversal.

Veja aqui a intervenção da Presidente da CNPD.